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Sou músico erudito e passei dos trinta. E agora?


Eu gostaria de provocar algumas reflexões sobre a geração que se formou na primeira década de 2000 como Eu. Iniciei meus estudos ainda criança, sem muito compromisso, sem também uma boa orientação, eram músicos amadores ensinando o que sabiam. No inicio do ano 2000 eu tive o meu primeiro professor que realmente tinha estudado em um conservatório de alto nível, ele abriu as portas para o conhecimento e me preparou para entrar na vida e formação profissional. Entrei depois de muito esforço na Universidade Livre de Música - ULM onde estudei por oito anos da minha vida, neste período a escola passou por três transições, se tornou Centros de Estudos Musicais Tom Jobim, voltou a ser ULM e terminei na na atual Escola de Música do Estado de São Paulo - EMESP.


Tive a oportunidade de estudar na Fundação das Artes de São Caetano do Sul e fiz neste período o meu Bacharel em Música na Faculdade de Artes Alcântara Machado - FMU/FAAM.Com todas estas transições o meu único foco era, tocar trompete! Apostei alto, investi todo esforço, tempo e dinheiro nisto. Fiz aula com os melhores professores do Brasil e também no Exterior. Participei dos principais grupos jovens profissionalizantes do Estado de São Paulo, fui a todos os festivais que eu pude, me esforcei e fui aceito em diversas universidades no EUA para realizar o próximo passo profissional era o meu sonhado Mestrado em performance no exterior.


Mas ai começou a vir a realidade e os problemas, não tinha me dedicado o suficiente ao inglês, não tinha feito nenhum planejamento financeiro, então veio então crise mundial de 2008, problemas de saúde e uma série de más decisões na vida pessoal e profissional. Assim visualizei que tudo que eu fiz era, estudar o meu instrumento máximo que eu podia, pois eu acreditava que isto iria me trazer o retorno desejado. Com fim deste processo todo eu tive que me adaptar a realidade, já estava acima dos vinte e cinco anos, formado e sem emprego fixo, apenas realizando trabalhos free-lances em eventos.


Em 2011 eu tinha duas opções mudar de profissão ou mudar de profissão, devido a problemas de saúde não tinha mais condições de competir no mercado musical, foi quando Deus me deu a segunda chance de recomeçar, iniciei um curso extensão em regência na Faculdade Canteira, logo em seguida fui convidado para participar de um novo projeto do Estado de São Paulo chamado Fábricas de Cultura, além da responsabilidade de educar crianças e adolescentes de zonas periféricas da cidade eu teria uma banda e uma orquestra para liderar, com uma coincidência divina, obtive um recomeço em minha carreira, agora na área da educação musical.


Mas o que eu aprendi com tudo isto? Tenha um plano B, eu não tinha, eu descobri que mais importante que tocar em uma orquestra ou fazer um mestrado no exterior, é ser aquilo que você sonha em ser, meu sonho sempre foi em ser um grande músico, e para isto eu posso ser produzindo, regendo, tocando, compondo ou educando. Vejo diversos colegas que não se preparam para uma real possibilidade de não ter espaço no extremamente concorrido mundo das orquestras do Brasil, vejo isto com preocupação, tento sempre estimula-los a uma busca pela formação e capacitação acadêmica, mas o mais importante é gerar e criar oportunidades.


Hoje um bom caminho é a formação em Educação Musical, há muitas vagas e pouco profissionais qualificados, e mais, quem tem o bacharel como Eu, não consegue preencher estas vagas abertas no setor público e privado, pois as vagas requer que os profissionais tenham formação em educação no mínimo licenciatura. Sou até mais ousado em recomendar o estudo da pedagogia em vez, da educação musical, assim abrirá oportunidades em outras áreas da educação podendo somar com a trajetória artística musical. Existem diversos cursos via EAD em ambas áreas, com preços acessíveis e até mesmo bolsas de estudos nestas área de atuação.


O músico que passou dos trinta hoje ou está próximo disto e não se firmou como performance em alto nível, precisa realmente ver o mercado e se adaptar para poder se manter e não jogar fora toda a sua formação musical. Outra recomendação é faça um planejamento financeiro, curto, médio e longo prazo, existem diversos cursos que nos ensina a lidar com dinheiro, a própria bolsa de valores de São Paulo ministra cursos neste sentido, leia o máximo de bibliografia que possa adquirir e faça um processo de Coaching para ajudar a potencializar a sua performance na busca de seus objetivos nesta área.


Não há trajetória vitoriosa sem compromisso com o trabalho, conhecimento e foco. As adversidades da vida fez me ver de um novo ponto de vista a minha profissão, sem Eu deixar de amar o que eu faço. Apesar de ter novas opções na minha carreira eu ainda estudo meu instrumento pelo menos duas horas todos os dias, pois meu compromisso é comigo mesmo, é buscar a melhora contínua sempre.


Israel Cardoso, Coach Pessoal/Profissional

MBA Gestão Escolar - Pós-graduado em Regência - Bacharel em Música


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